Simbolismo
O Simbolismo é um estilo
literário, do teatro e das artes plásticas que surgiu
na França, no final do século XIX, como oposição ao Realismo e ao Naturalismo.
HISTÓRICO
E CARACTERÍSTICAS
A partir de 1881, na França, pintores,
autores teatrais e escritores, influenciados pelo misticismo advindo do grande
intercâmbio com as artes, pensamento e religiões orientais - procuram refletir
em suas produções a consonância a estas diferentes formas de olhar sobre o
mundo, de ver, e demonstrar o sentimento.
Marcadamente individualista e místico, foi com desdém
apelidado de "decadentismo" - clara alusão à decadência dos valores
estéticos então vigentes. Mas em 1886 um manifesto traz a denominação que viria
marcar definitivamente os adeptos desta corrente: simbolismo
LITERATURA
DO SIMBOLISMO
Os temas
são místicos, espirituais. Abusa-se da sinestesia
(sensações produzidas pelos diversos órgãos sensoriais), das aliterações
(repetição de letras ou sílabas numa mesma oração) e das assonâncias
(aproximação fônica entre as vogais tônicas das palavras) tornando os textos
poéticos simbolistas profundamente musicais.
LITERATOS
SIMBOLISTAS
Pode-se dizer que o precursor do movimento, na França, foi o poeta francês
Charles Baudelaire com "As Flores do Mal", ainda em 1857.
Mas só em 1881 a nova manifestação é rotulada, com o nome
decadentismo, substituído por simbolismo em manifesto publicado em 1886.
Espalhando-se pela Europa, é na França, porém, que tem seus expoentes, como Paul Verlaine,
Poeta francês (30/3/1844-8/1/1896). Representante do parnasianismo é
também um dos líderes do movimento simbolista na França. Paul-Marie Verlaine
nasce em Metz e estuda no Liceu Bonaparte, em Paris. Seus primeiros trabalhos,
incluindo Poèmes Saturniens (Poemas Saturninos, 1866),
são caracterizados pelo anti-romantismo parnasiano.
Casa-se em 1870,
mas deixa a esposa e o filho para viver com o também poeta Arthur Rimbaud. Em
1873 atira no companheiro após uma briga e é condenado a dois anos de prisão. A
coletânea Romances sans Paroles (Romances sem Palavras,
1874) é escrita na cadeia.
Entre 1875 e 1877
ensina francês na Inglaterra. Em 1883, já de volta à França, alterna períodos
de bebedeira com momentos de lucidez produtiva. Com a publicação de Les
Poètes Maudites (Os Poetas Malditos, 1884) eJadis et Naguère (1884),
reaparece no cenário literário francês como poeta simbolista de grande
influência.
Para ele o som da
poesia é mais importante do que seu significado. Também escreve prosas
autobiográficas, como Mes Hôpitaux (Meus Hospitais,
1892),Mes Prisons (Minhas Prisões, 1893) e Confessions (Confissões,
1895). Morre em Paris.
Arthur Rimbaud
Poeta francês (20/10/1854-10/11/1891). Considerado pós-romântico e
precursor do surrealismo, é uma das maiores influências da poesia moderna. Jean Nicolas Arthur Rimbaud nasce em Charleville e revela
vocação para os versos ainda no colégio. Foge de casa diversas vezes durante a
adolescência.
Muda-se para Paris
aos 17 anos, financiado pelo poeta Paul Verlaine, a quem enviara seu Soneto
das Vogais (1871). Um ano depois Verlaine deixa a família para viver
com Rimbaud em Londres. A tempestuosa relação amorosa entre os dois termina
quando Rimbaud é ferido por Verlaine com um tiro no pulso.
Uma Estação no
Inferno (1873)
e Iluminações (1886) revelam uma consciência estética nova,
uma linguagem libertária, a ideia de que a poesia nasce de uma alquimia do
verbo e dos sentidos. Quando termina Iluminações, aos 20 anos, desiste
da literatura e retoma a vida errante que o caracterizara na adolescência.
Comercializa peles
e café na Etiópia, alista-se no Exército colonial holandês, para desertar logo
depois, trafica armas em Ogaden, vai para o Chipre e para Alexandria. Em 1891
tem a perna amputada, em decorrência de um câncer no joelho. Morre em Marselha,
depois de demorada agonia.
Stéphane Mallarmé
Poeta francês (18/3/1842-9/9/1898). Stéphane Mallarmé é um importante
nome do simbolismo na poesia francesa. Influenciado
por Charles Baudelaire, valoriza o artifício de inverter a sintaxe das frases
para ressaltar a dificuldade como elemento principal.
Nasce em Paris e,
em 1862, vai para Londres especializar-se em inglês. Volta a Paris um ano
depois e funda, em 1874, a revista A Última Moda, na qual escreve
sobre estética literária. Colabora no jornal Le Parnasse Contemporain,
criando os poemas da primeira fase de sua carreira, influenciado por As
Flores do Mal, de Baudelaire, editado na mesma época.
No Parnasse mostra
poemas que se tornam famosos, como A Tarde de um Fauno, cuja
inversão sintática atinge a incompreensão, na opinião de editores que se
recusam a lançar a obra. Em 1897 publica na revista Cosmopolis o
poema Um Lance de Dados Jamais Abolirá o Acaso, considerado seu
trabalho mais importante, que ocupa o espaço de uma página dupla e é composto
em caracteres e tamanho de letras diferentes, podendo ser lido de inúmeras
formas simultaneamente. A obra é uma metáfora da consciência e suas dúvidas e
indagações. Morre em Valvi.
.
I – CARACTERÍSTICAS
O Simbolismo, assim
como o Realismo-Naturalismo e o Parnasianismo, é um movimento literário
do final do século XIX. No Simbolismo,
ao contrário do Realismo, não há uma preocupação com a representação fiel da
realidade, a arte preocupa-se com a sugestão. O Simbolismo é justamente isso:
sugestão e intuição. É também a reação ao
Realismo/Naturalismo/Parnasianismo, resgatando a subjetividade, os valores
espirituais e afetivos. Percebe-se no Simbolismo uma aproximação com os
ideais românticos, entretanto, com uma profundidade
maior, os simbolistas preocupavam-se em retratar em seus textos o
inconsciente, o irracional, com sensações e atitudes que a lógica não conseguia
explicar. O leitor não deveria tentar entender os
textos, mas se deixar levar pelas sensações.
Em Portugal, esse movimento literário tem início, em
1890, com a publicação
do poema Oaristos, de Eugênio de Castro. (Oaristo é um termo grego que significa “diálogo íntimo” ou “diálogo
amoroso”).
Entre as principais características simbolistas
estão:
·
Falta de clareza – Os poetas achavam que era mais
importante sugerir elementos da realidade, sem delineá-los totalmente. A
palavra é empregada para ter valor sonoro, não importando muito o significado.
·
Subjetivismo – A valorização do “eu” e da “irrealidade”,
negada pelos parnasianos, volta a ter importância.
·
Musicalidade – Para valorizar os aspectos
sonoros das palavras, os poetas não se contentam apenas com a rima. Lançam mão
de outros recursos fonéticos tais como:
Aliteração - Repetição sequencial de sons consonantais. A sequência de palavras com sons parecidos faz que o leitor menospreze o sentido das palavras para absorver-lhes a sonoridade. É o que ocorre nos versos seguintes, de Cruz e Sousa:
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes,
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(Violões que Choram)
Assonância – É a semelhança de sons entre vogais de palavras de um poema.
Sinestesia – Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético. Vejamos algumas construções sinestésicas: som vermelho, dor amarela, doçura quente, silêncio côncavo.
Aliteração - Repetição sequencial de sons consonantais. A sequência de palavras com sons parecidos faz que o leitor menospreze o sentido das palavras para absorver-lhes a sonoridade. É o que ocorre nos versos seguintes, de Cruz e Sousa:
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes,
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(Violões que Choram)
Assonância – É a semelhança de sons entre vogais de palavras de um poema.
Sinestesia – Os poetas, tentando ir além dos significados usuais das palavras, terminam atribuindo qualidade às sensações. As construções parecem absurdas e só ganham sentido dentro de um contexto poético. Vejamos algumas construções sinestésicas: som vermelho, dor amarela, doçura quente, silêncio côncavo.
“Nasce a manhã, a luz tem cheiro...
Ei-la que assoma
Pelo ar sutil ...
Tem cheiro a luz , a manhã
nasce ...
Oh sonora audição colorida do aroma!”
Alphonsus
de Guimaraens
·
Cor branca – Principalmente Cruz e Sousa
tinha preferência por brancuras e transparências.
·
Espiritualismo e Misticismo – para os simbolistas a arte era uma forma de religião. Os textos
simbolistas apresentam muitas vezes uma visão cristã. Era comum a distinção
entre corpo e alma e o desejo de purificação, de sublimação: anulação da
matéria para a libertação da alma. Era
também comum a utilização de vocábulos ligados ao misticismo e ao religioso,
como missal, breviário, hinos, salmos, entre outros.
·
Sugestão – para a arte
simbolista os leitores é que deveriam adivinhar o enigma de cada poema.
·
Imprecisão – atrelada à
característica anterior, a realidade deveria ser expressa de maneira vaga e
imprecisa. O Simbolismo buscava a
essência do ser humano, os estados da alma, o inconsciente.
·
Maiúsculas alegorizantes - correspondem à
utilização de letras maiúsculas no meio do texto sem que haja alguma razão
gramatical para o seu uso. Elas são usadas para enfatizar as palavras:
“Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réqueim do Sol que a Dor da Luz
resume...”
Cruz e Souza
II- SIMBOLISMO EM PORTUGAL – AUTORES
Veja os três maiores representantes do
Simbolismo português: Eugênio de Castro, Antônio Nobre e Camilo Pessanha
A importância de Eugênio
de Castro para o Simbolismo português
deve-se mais ao fato de ter sido ele o autor do marco inicial do movimento.
Antônio Nobre publicou um único livro, com um
nome bem sugestivo: Só. Só é um livro marcado pelo saudosismo e sentimentalismo, além de
apresentar uma rica musicalidade.
Camilo Pessanha morou muito tempo em Macau, colônia portuguesa na China. Contam os
historiadores que ele era viciado em ópio e que retornou a Portugal para tratar
da saúde debilitada. Ele foi um dos poetas que mais influenciou o
Modernismo português.
Seus textos apresentavam uma linguagem moderna e precisa, com
temas ligados à fugacidade da vida. Eram comuns
imagens de naufrágios, rios e água. A frequente recorrência à
brevidade da vida, deixou em seus textos um forte pessimismo. Veja um fragmento de um de seus textos:
“ Passou o Outono já, já torna o
frio ...
_ Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol,
gelado ...
_ O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do
rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração
vazio?(...)”
III – SIMBOLISMO NO BRASIL – AUTORES
No Brasil, o
Simbolismo tem início em 1893, com a publicação de Missal (textos em prosa) e Broquéis (poesias), de Cruz e Souza. Didaticamente, permaneceu no cenário literário até 1902 quando
ocorre a publicação do livro Os Sertões , de Euclides da Cunha, considerado o texto introdutor do Pré-Modernismo. Missal é o nome de um livro que contém orações utilizadas nas missas
e broquéis vem de broquel, tipo de um escudo espartano, numa clara aproximação
com o parnasianismo e seu gosto por objetos antigos. O Simbolismo no Brasil não teve muita aceitação por parte do público leitor. A maior parte dos leitores preferia os textos
parnasianos. Os parnasianos tinham a
imprensa como aliada, pois seus poemas vendiam
muito mais. É por isso que se costuma dizer que o Brasil não teve um momento
tipicamente simbolista, ele ficou meio à margem da literatura oficial da
época.
Veja os maiores representantes do Simbolismo
brasileiro: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens.
Cruz e Sousa é considerado não só o maior
poeta do Simbolismo brasileiro, mas também um dos maiores representantes
do Simbolismo mundial: Cruz e Sousa era chamado de “O cisne negro” ou “Dante negro”. Por ser negro foi vítima de muitos preconceitos.
Partindo de seus sofrimentos enquanto
homem negro, alcançou a dor e o sofrimento do ser humano. Suas poesias eram
marcadas por um forte misticismo e
religiosidade, na busca de um mundo mais espiritualizado. Outra característica
interessante de sua obra é a recorrência
direta e indireta à cor branca, vista na maioria das vezes como símbolo da pureza. Cruz e Sousa
escrevia muito sobre “véus brancos”,
“neve”, “luar”, “virginais brancores”, entre outras sugestões. Veja um
fragmento de um de seus textos mais conhecidos:
Violões que choram
Ah! Plangentes violões dormentes,
mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais
vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento
.(...)
Sutis palpitações à luz da lua.
Anseio de momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão
soluçando.
Quando os sons dos violões nas cordas
gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras
tremem
.(...)
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas
(...)”
Alphonsus de Guimaraens é o outro representante do Simbolismo brasileiro. Seus textos apresentavam uma temática variada: a fuga
da realidade, a natureza, a religiosidade, o amor espiritualizado, a
mulher, muitas vezes comparada à Virgem Maria.
SETE DAMAS
Sete Damas por mim passaram.
E todas sete me beijaram.
E todas sete me beijaram.
E quer eu queira quer não queira.
Elas vêm cada sexta-feira.
Elas vêm cada sexta-feira.
Sei que plantaram sete ciprestes.
Nas remotas solidões agrestes.
Nas remotas solidões agrestes.
Deixaram-me como um mendigo…
Se elas vão acabar comigo!
Se elas vão acabar comigo!
Todas, rezando os Sete Salmos.
No chão cavaram sete palmos.
No chão cavaram sete palmos.
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